quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Estreia Mundial a 12 de Novembro




Na Celebração dos seus 35 anos, a CTB volta à colaboração com o poeta e dramaturgo Vergílio Alberto Vieira, agora na criação de ORATÓRIA DO VENTO. A Lenda de Santa Maria Egipcíaca, lida através dos tempos, num cruzamento dialéctico com as vivências, os sofrimentos, as angústias, os espantos e os irracionalismos fundamentalistas na Europa e no Mundo Árabe.

Uma criação sobre NÓS e a incapacidade de nos reconhecermos no Outro. Um espectáculo de Pessoas em trânsito, contra muros e fronteiras, à procura da Terra onde possam expiar o sofrimento. 
Rui Madeira

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Sobre "Oratória do Vento"

Continuando o Ciclo Liberdade e Solidão, a CTB convidou o Poeta Vergílio Alberto Vieira para, numa segunda incursão, experimentar um texto seu (original) na nossa prática teatral. Surge-nos assim - a partir da Lenda de Santa Maria Egipcíaca - Oratória do Vento. Com este belíssimo texto, a um tempo poético e lírico, fundado no símbolo, em que o universal e o particular se unem, em que o princípio feminino (que não feminista) se instala, através da figura de Maria Egipcíaca, a prostituta, que busca a redenção. O teatro, pela sua dinâmica hibrida de cenário e discurso, acção e texto, instala-se, tal como o feminino, num imaginário nocturno e atinge o seu ápice na sua configuração mística do palco como Lugar da transcendência. Assim, tal como a tradição patriarcal, que busca controlar as interpretações místicas, arrefece, na superfície das narrativas, o poder das deusas Mulheres, se há-de demonstrar (no palco) que a História continua a oferecer o caminho para que esse poder feminino se manifeste de vários modos tanto no Imaginário como na Realidade. Nas mitologias da fé (de que hoje somos todos vítimas?) o Homem e o seu Filho, apesar do seu protagonismo, “estão sempre cercados” por imagens femininas que abrem o caminho, o sedimentam e parecem fortalecer as “novas ideologias da redenção” que nos conduziram à “guerra das religiões” a que uns assistem e outros, barbaramente morrem. Deus  (ou alguém por ele) vale-se do artifício da Palavra e da sensualidade da mulher como arma poderosa contra os inimigos. Em Oratória do Vento estamos na lenda, no Imaginário simbólico e místico do Princípio, nos primórdios do Cristianismo. Entre Alexandria e Jerusalém, no florescimento dos mestres anacoretas, embrenhados nos desertos de Cétia e da Nítria. Fixamo-nos numa cartografia que tem tanto de Antiga, de Deserto e Oliveiras, como de Actual, de Lugares de Culto e Campos de Concentração. Mas sempre preanunciadora de Caos. É aí, com as Imagens e as Vozes que nos chegam diariamente, que se desenrola Oratória do Vento entre: Alexandria e Jerusalém, o Deserto e o Muro das Lamentações, o Imaginário e o Místico, o Fundamentalismo e a Barbárie. Sem Lugar para O Outro nem Tempo para a Paz.


Rui madeira



ORATÓRIA DO VENTO 

Autor: Vergílio Alberto Vieira
Encenação e dramaturgia: Rui Madeira
Elenco: André Laires; António Jorge; Carlos Feio; Sílvia Brito; Solange Sá; João Chelo; Rui Madeira e Rogério Boane.
Cenografia:  pintor Acácio de Carvalho
Figurinos: Manuela Bronze
Direção de coros: Prof. Doutor Sousa Fernandes
Criação vídeo: Pedro Alpoim
Criação sonora: Pedro Pinto
Desenho de Luz: Nilton Teixeira

Coros: Alexandrina Cerqueira, Ana Cristina Oliveira, André Antunes, Carla Carvalho, Diamantino Esperança, Eduarda Pinto, Fábio Castro, Helena Guimarães, Ivone da Cunha, Joana Palha, Joana Prata, Joaquim Carvalho, Joaquim Fernando Pereira, Jorge Bentes Paulo, José Augusto Ribeiro; José Domingos Marinho, Maria Adelaide Oliveira, Maria do Céu Costa, Maria Elisa Fernandes, Maria José Gonçalves, Maria Julita Capelo, Manuela Artilheiro, Margarida Menezes, Paulo César Pereira, Rosália Peixoto, Teresa Carvalho, Teresa Fereira (projecto bragaCult.2)